Naquele dia aprendi como o amor tem várias formas. Todo o grupo se preparava entusiasmado para o grande dia. Finalmente, depois de cinco dias de caminhada sob o sol escaldante do Atlas, era chegado o momento. A subida ao pico. A recompensa de todo o esforço, suor e lágrimas derramados nos últimos dias.
Eu tinha adoecido dois dias antes. Foi com tudo o que me restava que consegui chegar ao campo base. Encontrei também amparo no olhar e na presença do meu companheiro. No grupo havia apoio e companheirismo, mas cada um estava a dirigir o seu foco para os seus próprios sonhos e objetivos, carregando também as suas inseguranças e crenças.
No início desta aventura perdemos tudo. Toda a bagagem que tínhamos cuidadosamente escolhido para a viagem foi perdida. À pressa, comprámos o que nos foi possível adquirir nas parcas lojas que, na altura, Marraquexe nos oferecia. Do grupo de amigos conseguimos recolher outras tantas coisas. Partimos com o mínimo necessário. Mas seguimos, determinados.
Deveriam ser cerca de 5 da manhã. O calor ardente dos dias anteriores extingue-se e um frio gélido e paralisante ocupava agora o seu espaço. Vestimos toda a roupa que tínhamos, que não era muita. As calças azuis de tecido fino e com a poeira entranhada, eram agora castanhas e insuficientes para travar o ar glacial da montanha. Nas mãos usávamos meias encardidas, mas que permitiam que os dedos não perdessem a mobilidade.
Eram ditas apenas as palavras necessárias. Poupava-se o fôlego para manter a respiração. A cabeça latejava com o frio e a raridade do oxigénio. O discernimento não era dos melhores. Senti-me perdida como nunca até então. Sem força física, num limite nunca antes sentido, com a mente extremamente ofuscada do cansaço e da debilidade.
Eram poucos os metros, em altitude, que nos separavam do topo da montanha. Do prémio tão desejado. Mas as forças faltavam-me e a confiança tinha ficado bem lá atrás. Respirar utilizava toda a minha energia. Não consegui dispor de mais para dar os passos necessários e subir estes últimos metros.
Decidi ficar para trás, respeitando o que o corpo me pedia. Foi nesse instante que o amor me ensinou uma lição. A amor tem várias formas. O meu companheiro, sem hesitar, ficou comigo. Deu-me um abraço que ainda hoje vive em mim — quente, inteiro, eterno. Ficou por amor. Ficámos os dois por amor.
Abraço-te com a minha alma.
Este programa é facilitado por uma formadora com certificação de competências pedagógicas e gestora de formação, com décadas de experiência, a mentora do projeto caracolga, Olga Prada. O seu trabalho e conduta de vida seguem as Directrizes de Boas Práticas para o Ensino de Cursos Baseados em Mindfulness, sugeridas pela British Association of Mindfulness-based Approaches.
O certificado é emitido pela empresa que acolhe este projeto, a Plio, empresa formadora certificada pela DGERT desde 2014.
Esta certificação vai habilitar-te a seres um agente de mudança na tua vida e na vida dos que te rodeiam.